Estilos parentais

Estilos parentais – o que é e qual o impacto no desenvolvimento emocional da criança?

Tempo de leitura: 5 minutos.

 

Entende-se por estilo parental o conjunto de atitudes e estratégias adotadas a partir de um determinado contexto emocional, que apontam o modo como os pais ou cuidadores educam os seus filhos, caracterizando-se assim por padrões de interação e socialização entre ambos.

Você já parou para pensar qual é o seu estilo enquanto pai, mãe ou cuidador? Já refletiu o quanto o modelo de sua postura reflete diretamente no comportamento da criança e direciona seu modo de ser e agir na vida?

Conheça as principais características de cada estilo:

 

  • Autoritário: Pais deste estilo, esperam que suas ordens sejam obedecidas sem questionamentos; usam de punição (verbal ou física) para controlar as crianças. Tem como características serem pouco tolerantes e compreensivos, desenvolvendo nas crianças uma postura de submissão e conformismo. Se na relação que se estabelece entre os pais e a criança, o afeto, a reciprocidade e o equilíbrio de poder não estão presentes, o desenvolvimento da criança pode ser prejudicado, comprometendo as relações posteriores que ela virá a com outras pessoas. Tal relação pode contribuir para um comportamento hostil, ansioso da criança, regido por medo e tensões, desencorajando-as ao diálogo, e provocando baixa autoestima, podendo converter todas estas dificuldades de socialização em comportamento agressivo.

 

  • Permissivo: São carinhosos, mas também relutam a usar regras, os pais são apenas recursos para os desejos das crianças, e não modelos ou um agente responsável por moldar ou direcionar o seu comportamento. Tendem a ser compreensivos, tolerantes e afetuosos. São regidos por uma grande ausência de normas, utilizam pouca punição e evitam sempre que possível o exercício da autoridade ou a imposição de regras (restrições). Não conseguem estabelecer limites, permitindo comportamentos desadequados causadores de problemas. Não exigem um comportamento maduro (cumprimento de tarefas), permitindo às crianças que elas tomem as suas próprias decisões no dia-a-dia (horas de deitar, refeições, tempo para ver televisão, etc.). Este cenário se torna propício para uma criança com baixo linear a frustação, que possui o hábito de sempre ter o que deseja e quando isso não acontece se torna uma situação de extremo conflito. As crianças poderão ainda apresentar dificuldade de socialização, por aprender a se relacionar sempre da forma que lhe convêm, direcionada por impulsividade, desejos e falta de limites e regras, independentes do contexto.

 

  • Democrático: Incentivam as crianças a serem responsáveis, a pensar por elas mesmas e a compreender os motivos de se usar regras. Um ambiente familiar com poucas tensões (pais democráticos) pode formar pessoas mais aptas a lidar com problemas (de forma otimista) e a adquirirem um melhor desenvolvimento social. Quando os pais são afetuosos, democráticos e participativos em relação aos filhos, isso influencia diretamente a forma como eles aprendem e se relacionam com os outros. Estes pais tendem a ser mais tolerantes, recíprocos, abertos a ouvir a opinião e questionamentos dos filhos, definem em conjunto as regras, e prezam pelo cumprimento destas. Crianças neste ambiente tem sua percepção crítica estimulada, ou seja, se sentem à vontade em compartilhar seus pontos de vista, promovendo até mesmo uma clareza das consequências de seu comportamento. Valorizam explicações sobre regras, princípios, valores, advertências morais e relações de afeto. Corrigem as atitudes negativas e valorizam as positivas.

 

  • Negligente: Oferecem pouco suporte emocional para as crianças e não reforçam padrões de conduta. Pais negligentes não são nem afetivos, nem exigentes, nem Tendem a manter os seus filhos à distância, respondendo somente às suas necessidades básicas (físicas, sociais, psicológicas e intelectuais). Não conseguem organizar-se de modo a fornecerem cuidados e apoio continuados aos seus filhos. Demonstram pouco envolvimento na socialização da criança, não supervisionando o seu comportamento. Enquanto os pais permissivos estão envolvidos com os seus filhos, os pais negligentes

estão, frequentemente, centrados em si próprios. Neste caso, a principal consequência está nas relações afetivas entre pais e filhos, que tendem a diminuir cada vez mais a longo prazo, e até a desaparecer, restando uma mínima relação funcional entre eles. Estas crianças também tendem a ser mais carentes de afetos e apresentam dificuldades em ter relações bem estabelecidas.

 

Como podemos notar, os estilos citados são bem diferentes uns dos outros. Algumas famílias podem se identificar rapidamente como pertencentes a algum destes grupos, ou até mais de um, pois pode acontecer do mesmo grupo familiar apresente comportamentos de mais de um estilo parental.

É fundamental compreender a forma com a qual estamos estabelecendo as relações com os filhos, pois isso tem grande impacto sobre seu comportamento atual e futuro, suas relações e questões emocionais.

Estilos parentais não são rígidos e imutáveis, se há o desejo de desenvolver relações mais saudáveis e bem estruturadas, é possível e valioso mudar, para que seu filho tenha maiores chances de desenvolver uma vida adulta com melhores habilidades emocionais e de interação social. Caso perceba que precisa de ajuda, oriente-se com um profissional.

Um abraço e até o próximo post!

 

Monique Leandra – Psicóloga