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Superdotado ou bom nos estudos? Entendendo o Diagnóstico de Altas Habilidades/ Superdotação

Tempo de leitura: 7 minutos.

 

Frequentemente encontramos crianças que se destacam em uma ou mais áreas, demonstrando uma habilidade acima do esperado.  É comum então que pais, educadores e cuidadores em geral desconfiem de que aquela criança possa ser superdotada.

Então, muitas dúvidas começam a aparecer: O que é superdotado? Este termo ainda é utilizado? Qual a diferença de uma criança inteligente e uma superdotada? Como recorrer ao diagnóstico?

 

Conceituando Superdotação/ Altas Habilidades

O conceito trago pelo Ministério da Educação, através do documento “Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial – Área de Altas Habilidades”, diz: Portadores de altas habilidades/superdotados são os educandos que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual superior; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. (Brasil, 1995; p. 17)

Para a psicóloga americana Ellen Winner, especialista no assunto, o indivíduo superdotado é uma pessoa em desenvolvimento que apresenta um desempenho superior à média em uma ou mais áreas, comparados à população geral da mesma faixa etária.

De várias características comuns encontradas entre indivíduos superdotados, o mais surpreendente é a contínua variação que estas pessoas exibem em termos de habilidades e competências e os vários níveis e amplitudes que manifesta em suas ações e conhecimentos. A heterogeneidade apresentada pelo grupo de superdotados intensifica é muito intensa e não segue um único padrão. O termo superdotado ou pessoa com altas habilidades são os termos hoje mais utilizados.

 

Diagnóstico: Avaliação Neuropsicológica e testes de QI

O Quociente de inteligência (QI) é um valor obtido por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas (inteligência) de uma pessoa. Qualquer pessoa pode ser submetida a uma avaliação de QI, basta passar por um neuropsicólogo ou psicólogo habilitado a fazê-la.

Testes de QI podem nos auxiliar ainda a diferenciar Altas habilidades/ superdotação de crianças apenas talentosas ou prodígios. Auxiliam o diagnóstico diferencial entre outras síndromes comportamentais, como a Síndrome de Asperger e TDAH, diagnósticos que muitas vezes são confundidos.

A aplicação de testes de QI é então fundamental para o diagnóstico de pessoas com Altas habilidades/ superdotação. Ela é idealmente realizada a partir dos 6 anos de idade e o diagnóstico é fechado por médico Neurologista.

Enquanto a média da População apresenta uma pontuação média de QI entrem 100 e 110, pessoas com altas habilidades/ superdotação apresentam QI acima de 130. 

 

Alguns mitos sobre pessoas com altas habilidades/ superdotação

  • Superdotado é sinônimo de gênio. Tem sido recomendado que o termo gênio seja utilizado apenas a indivíduos que deixaram um legado à humanidade, pelas suas contribuições originais de grande valor. Nem todo superdotado vai se tornar um adulto brilhante. Muitos deles, em uma função de características pessoais aliadas às de seu contexto familiar, educacional e social podem apresentar inclusive desempenho abaixo da média.
  • Superdotado é o melhor aluno da sala. Muitas vezes, observasse uma discrepância entre o potencial (aquilo que a pessoa é capaz de realizar e aprender) e o desempenho real (aquilo que o indivíduo demonstra conhecer). Muitos são os fatores aos quais se pode atribuir este desempenho inferior. Tanto uma atitude negativa com relação à escola, como as características do currículo e métodos utilizados.
  • A pessoa com altas habilidades/ superdotação têm maior predisposição para apresentar problemas sociais e emocionais. Contrário a essa ideia, inúmeros estudos têm indicado que muitos alunos com altas habilidades/ superdotação caracterizam-se não apenas por uma inteligência superior, mas também por um melhor ajustamento social e emocional. Entretanto, aqueles que apresentam uma inteligência excepcionalmente elevada tendem a enfrentar maior número de situações que poderão ter um impacto negativo no seu ajustamento sócio-emocional. Neste grupo, é mais frequente os alunos se sentirem pouco estimulados pelo programa realizado pela escola, apresentando ainda dificuldades de relacionamento social com os colegas, por terem interesses distintos, o que gera sentimentos de solidão e isolamento.

 

Altas habilidades e Ensino especial/ Educação inclusiva

A pessoa diagnosticada com Altas Habilidades/ Superdotação é abrangida pela Lei Brasileira de Inclusão. O reconhecimento deste aluno como aquele que possui necessidades educacionais especiais é o primeiro passo para que seu processo de escolarização seja bem sucedido, do ponto de vista pedagógico e comportamental.

Fornecer a cada estudante uma estratégia individual mais adequada para o seu modo particular de aprender pode demandar mais esforço, mas vale a pena para todos. O papel de programas específicos para esses indivíduos é o de suprir e complementar suas necessidades, possibilitando seu amplo desenvolvimento pessoal e criando oportunidades para que eles encontrem desafios compatíveis com suas habilidades.

Um conhecimento, para qualquer indivíduo, é mais bem aproveitado quando o educador sabe minimizar as capacidades individuais: se uma tarefa é absurdamente difícil, o educando pode se sentir incapaz e desistir. Se uma tarefa é absurdamente fácil, ele também pode não se sentir instigado a se esforçar mais e mais. Assim, faz-se necessário a adaptação curricular e construção de um PDI para o aluno com AH/SD.

A criança com AH/SD é visto algumas vezes com temor, por professores que se sentem ameaçados diante do aluno que muitas vezes os questiona, pressionando-os com suas perguntas, comentários e mesmo críticas.

Em 2005, o MEC, através da Secretaria de Ed Especial implantou os Núcleos de atividades de AH/SD, especialmente para o planejamento de ações estratégias e métodos de pesquisa e recursos necessários para alunos com este diagnóstico.

De forma geral, o aluno com altas habilidades pode terminar as tarefas que o professor propõe muito rapidamente e exigir constante redirecionamento. Ao terminar a tarefa muito rápido ele pode acabar se engajando em comportamentos inapropriados para passar o tempo. Assim, ajustar as atividades para que sejam mais desafiadoras, não simplesmente mais longas, pode resolver grande parte dessas situações.

Espero que estas informações básicas sobre um assunto tão vasto e profundo possam ter lhe sido úteis. E para encerrar, deixo uma reflexão da especialista em estudos sobre Altas Habilidades Superdotação, Dora Cortat Simonetti:

“Talento não de desperdiça, estimula-se”

Um abraço e até o próximo post!

Vanessa Barcelos – Psicopedagoga