Os transtornos de aprendizagem, como Dislexia, Disgrafia, Discalculia, TDAH, entre outros, afetam a maneira como o cérebro processa determinadas informações, interferindo em habilidades como leitura, escrita, organização e concentração. Apesar dos desafios, pessoas com esses transtornos têm plenos direitos assegurados por lei, especialmente quando se trata de educação e inclusão.
Muitas famílias, professores e até profissionais de saúde desconhecem esses direitos, o que acaba atrasando intervenções importantes e impactando diretamente o desenvolvimento acadêmico e emocional da criança ou do adolescente.
Neste texto, destacamos 5 direitos fundamentais que pessoas com transtornos de aprendizado possuem e que precisam ser respeitados em escolas, ambientes de trabalho e na sociedade como um todo.
1. Direito à educação inclusiva e ao atendimento educacional especializado (AEE)
Toda criança e adolescente tem direito à educação. Quando falamos em transtornos de aprendizagem, esse direito se estende para garantir uma educação adaptada às necessidades individuais do estudante.
De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996), os alunos com dificuldades específicas de aprendizagem têm direito ao Atendimento Educacional Especializado (AEE), que pode ocorrer dentro ou fora da escola, no contraturno.
Esse atendimento não substitui o ensino regular, mas complementa e oferece os recursos necessários para que o aluno aprenda com mais qualidade, como uso de materiais adaptados, metodologias diferenciadas e apoio individualizado.
2. Direito a avaliações adaptadas
Estudantes com transtornos de aprendizagem têm o direito de realizar provas adaptadas, o que pode incluir:
- Tempo extra para a realização das provas
- Leitura em voz alta das questões
- Provas em formato digital ou com fontes ampliadas
- Redução do número de questões
- Apoio de um profissional durante a avaliação (leitor ou transcritor)
Essas adaptações são fundamentais para garantir que o desempenho do estudante seja avaliado de forma justa, respeitando suas particularidades. O direito está previsto em normas como a Resolução CNE/CEB nº 2/2001 e em diretrizes do Ministério da Educação (MEC).

3. Direito ao diagnóstico e tratamento multiprofissional
Outro direito essencial é o acesso ao diagnóstico e ao tratamento multiprofissional. Transtornos de aprendizagem não se resolvem apenas com reforço escolar; muitas vezes é necessário o envolvimento de psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e neurologistas.
A Constituição Federal, no artigo 196, garante o acesso à saúde como um direito de todos. Isso inclui o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para avaliação e tratamento, quando disponível, além de planos de saúde, que devem oferecer cobertura para os atendimentos indicados por profissionais especializados.
4. Direito à não discriminação e ao respeito às diferenças
Infelizmente, muitas crianças e adolescentes com transtornos de aprendizagem ainda enfrentam bullying, exclusão ou mesmo negligência por parte de professores e colegas. Isso não é apenas injusto — é ilegal.
A Lei Brasileira de Inclusão e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garantem o direito à dignidade, ao respeito e à proteção contra qualquer forma de discriminação. Isso vale para o ambiente escolar, familiar e social.
É obrigação da escola e dos responsáveis criarem um ambiente seguro, acolhedor e que valorize a diversidade de ritmos e formas de aprender.
5. Direito à orientação da família e da escola
Por fim, é dever dos sistemas de ensino orientar as famílias sobre os direitos e recursos disponíveis para o estudante com transtornos de aprendizagem.
A parceria entre escola e família é essencial para o sucesso escolar. Por isso, a legislação prevê o direito à informação, ao diálogo com a equipe pedagógica e à participação em decisões sobre a trajetória educacional da criança ou adolescente.
Além disso, os professores devem receber formação continuada para lidar com as necessidades educacionais específicas de seus alunos. A formação é uma forma de garantir que os direitos não fiquem só no papel, mas sejam efetivados na prática.
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Reconhecer e respeitar os direitos das pessoas com transtornos de aprendizagem é um passo essencial para uma sociedade mais justa, inclusiva e humana. Quando garantimos o acesso à educação adaptada, ao diagnóstico precoce, ao tratamento adequado e ao respeito, estamos abrindo portas para o desenvolvimento pleno de cada indivíduo.
Se você é pai, mãe, professor ou profissional da saúde, compartilhe essas informações. A conscientização é uma das principais ferramentas para transformar realidades.