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A Deficiência intelectual é um termo utilizado quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento cognitivo e que impactam em diferentes graus na forma como o indivíduo raciocina. Mas como diagnosticar e quais são os impactos para o indivíduo?
Antes de falarmos de deficiência intelectual, é necessário responder: o que é a inteligência? O conceito de inteligência humana é bem complexo e constantemente estudado. Na década de 80, por exemplo, o renomado psicólogo e cientista Howard Gardner, chegou à conclusão de que tínhamos não uma, mas múltiplas inteligências, sete tipos, para ser exato.
Mas aqui, estamos falando de inteligência como uma capacidade cognitiva mensurável. A inteligência intelectual é avaliada por meio do Quociente de Inteligência (QI) obtido por testes padronizados. São as nossas habilidades mentais gerais que envolvem raciocínio, resolução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, julgamento, aprendizado acadêmico e aprendizado a partir da experiência.
A Deficiência Intelectual (DI), segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento, caracteriza-se por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho), que ocorrem antes dos 18 anos de idade.O diagnóstico é realizado através de uma avaliação clínica e testes de inteligência padronizados e individualizados.
O famoso teste de QI, funciona como uma estimativa da habilidade cognitiva de um indivíduo, expressada por um valor, padronizado a partir da relação com a idade da pessoa avaliada. O teste é realizado por um profissional habilitado e capacitado, como psicólogos e, geralmente, com formação em neuropsicologia, pois outras avaliações clínicas são necessárias para se chegar ao diagnóstico.
As características da deficiência Intelectual, aparecem logo na infância. Crianças com atraso cognitivo,podem precisar,por exemplo,de mais tempo para aprender a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, comovestir-se ou comer com autonomia. É comum que as dificuldades apareçam logo no início da vida escolar.Dependendo do nível de gravidade da DI (leve, moderada, grave, profunda), é possível perceber até nos primeiros meses de vida.
As causas do atraso cognitivo são diversas, mas as mais comuns, encontradas peloscientistas são:
1 – Condições genéticas (genes anormais herdados dos pais, ou outras razões de natureza genética). Alguns exemplos de condições genéticas propiciadoras do desenvolvimento de uma deficiência intelectual incluem a síndrome de Down ou a fenilcetonúria.
2 – Problemas durante a gestação,como uso de álcool ou drogas, desnutrição extrema, doenças metabólicas e doenças infecciosas intrauterinas (como Rubéola, Zika, Toxoplasmose);
3- Problemas durante o parto, como dificuldades associadas a prematuridade, o traumatismo crânio-encefálico ou a concentração muito baixa de oxigênio durante o parto;
4- Problemas de saúde da criança,como a meningite, má nutrição extrema ou a exposição a substâncias químicas,como o mercúrio ou o chumbo, podem também originar problemas graves para o desenvolvimento intelectual das crianças.
Nenhuma destas causas produz sozinhas, uma deficiência intelectual. No entanto, constituem riscos, uns mais sérios outros menos. Por exemplo, uma doença como a meningite não provoca necessariamente um atraso intelectual; o consumo de álcool durante a gravidez também não; todavia, constituem riscos graves e demandam cuidados de saúde importantes.
O atraso cognitivo não é uma doença mental (sofrimento psíquico), como a depressão, esquizofrenia, por exemplo. É uma condição específica de funcionamento cerebral e não é esperada uma cura para a DI.
A grande maioria das crianças com deficiência intelectual, conseguem aprender a fazer muitas coisas úteis para a sua família, escola, sociedade e todas elas aprendem algo para sua utilidade e bem-estar da comunidade em que vivem. Para isso, precisam, de mais tempo e de apoio multidisciplinar para que tenham sucesso.
Após uma avaliação do nível de comprometimento da criança, devem ser avaliadas as potencialidades e as dificuldades que a criança apresenta, assim como a natureza do apoio que a criança possa necessitar para uma melhor qualidade de vida em casa, na escola e na comunidade em que ela vive. Esta perspectiva global nos dá uma visão realista de cada criança. À medida que ela vai crescendo e aprendendo, também aumenta a sua capacidade para encontrar o seu lugar no mundo.