A ansiedade e o autismo costumam estar conectados, pois muitas pessoas no espectro autista apresentam com frequência sintomas de ansiedade. Compreender essa conexão é essencial para o desenvolvimento de abordagens mais eficazes de suporte e tratamento para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). Neste blog, exploraremos o que caracteriza o autismo, como a ansiedade se manifesta nessas pessoas e os possíveis motivos que explicam essa relação.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa se comunica, socializa e processa informações sensoriais. As características principais incluem dificuldades de interação social, padrões repetitivos de comportamento, interesses restritos e sensibilidade a estímulos sensoriais, como luzes, sons e texturas. Cada pessoa dentro do espectro apresenta um conjunto único de desafios e habilidades, tornando a experiência do autismo bastante variada.
Por ser um espectro, as dificuldades de interação social e a resposta a estímulos variam muito entre os indivíduos. Alguns podem ser mais verbais, enquanto outros podem ter dificuldades extremas em expressar suas emoções ou pensamentos.
Ansiedade: um componente comum
A ansiedade é uma das condições mais frequentemente associadas ao transtorno espectro autista (TEA). A comorbidade entre o autismo e os transtornos de ansiedade é significativa, pesquisas mostram que até 84% das pessoas autistas podem apresentar algum tipo de ansiedade. Além disso, cerca de 17% dos indivíduos com autismo podem ser afetados pelo transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
As pessoas com autismo podem ser mais vulneráveis à ansiedade devido à natureza do TEA. Muitos dos desafios enfrentados, como dificuldades de comunicação e hipersensibilidade aos estímulos, podem aumentar o estresse cotidiano, causando sentimentos frequentes de apreensão, nervosismo e pânico.
Veja também: O que é de fato TOC?
Como a ansiedade se manifesta em pessoas com autismo?
Os sinais de ansiedade em pessoas com autismo podem ser diferentes daqueles observados em indivíduos neurotípicos. Em muitos casos, a ansiedade pode se manifestar como comportamentos autolesivos, explosões de raiva, ou aumento de comportamentos repetitivos, como balançar-se ou bater palmas. Isso pode ser uma forma de uma pessoa tentar regular o estresse ou encontrar conforto em um ambiente que pode parecer caótico.
Além disso, rotinas e previsibilidade desempenham um papel fundamental para muitas pessoas no espectro. Qualquer mudança inesperada, seja na rotina ou no ambiente, pode ser extremamente angustiante, desencadeando crises de ansiedade. Uma simples mudança na organização da sala de aula ou uma mudança na rota para casa pode resultar em uma resposta desproporcional, como um ataque de pânico.
A dificuldade de expressar verbalmente o que está sentindo também contribui para que a ansiedade em pessoas com autismo muitas vezes não seja identificada corretamente. Muitas dificuldades podem ter dificuldades em nomear suas emoções, e isso pode levar a confusões, fazendo com que a ansiedade se manifeste de forma indireta, por meio de comportamentos ou reações físicas.
Por que a ansiedade é mais comum no autismo?
Vários fatores importantes para a alta prevalência de ansiedade entre pessoas com TEA. Um dos principais motivos é a hipersensibilidade sensorial. Muitos indivíduos com autismo têm maior sensibilidade a estímulos externos, como sons altos, luzes fortes ou grandes multidões, o que pode ser extremamente estressante e levar a uma sobrecarga sensorial. Essa sobrecarga pode resultar em um estado contínuo de alerta, promovendo a ansiedade.
Outro fator é a dificuldade de compreender e se adaptar às normas sociais. As interações sociais para muitas pessoas com autismo podem ser confusas e imprevisíveis. O medo de cometer erros, de ser mal interpretado ou de não entender o objetivo de alheias pode aumentar o estresse social, contribuindo para o desenvolvimento da ansiedade social.
Além disso, a dificuldade cognitiva, ou seja, a dificuldade em lidar com as mudanças, é outro aspecto do TEA que pode aumentar a ansiedade. A necessidade de rotina e previsibilidade faz com que situações novas ou inesperadas se tornem estressantes. A incerteza é um fator-chave para o aumento da ansiedade, e pessoas com autismo tendem a ser menos tolerantes à incerteza das pessoas neurotípicas.
Tratamento e manejo
A abordagem para tratar a ansiedade em pessoas com autismo pode ser um desafio, uma vez que cada pessoa no espectro tem suas próprias necessidades. No entanto, algumas estratégias têm se indicados indicativos:
1 – Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Adaptada para o autismo, a TCC ajuda a identificar padrões de pensamento e comportamento que levam à ansiedade e a desenvolver maneiras mais adaptativas de lidar com eles.
2 – Técnicas de relaxamento e atenção plena: Ensinar estratégias de respiração profunda, relaxamento muscular e atenção plena pode ajudar a regular as respostas de ansiedade.
3 – Estabelecimento de rotinas: Manter uma rotina estruturada pode diminuir a imprevisibilidade e, por consequência, causar ansiedade.
4 – Suporte sensorial: O uso de ferramentas sensoriais, como fones de ouvido com cancelamento de ruído, ambientes mais tranquilos e o uso de técnicas que ajudam a descomprimir o estresse sensorial, podem ser benéficos.
Veja também: Transtorno de Ansiedade Diagnóstico e Tratamento
A relação entre ansiedade e autismo é complexa e multifacetada. As dificuldades sensoriais, as barreiras de comunicação e a necessidade de previsibilidade fazem com que muitas pessoas com TEA sejam mais vulneráveis à ansiedade. Com o suporte adequado e instruções personalizadas, é possível reduzir os impactos da ansiedade e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Compreender essa conexão é o primeiro passo para desenvolver estratégias de suporte mais eficazes, garantindo que pessoas com autismo possam viver de forma mais equilibrada e feliz.
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