A Análise do Comportamento Aplicada, ou ABA (Applied Behavior Analysis), é uma abordagem baseada na ciência que busca compreender e modificar comportamentos por meio de estratégias sistemáticas e individualizadas. Ela é amplamente utilizada no acompanhamento de pessoas com autismo, mas também é aplicada em contextos diversos, como educação, saúde e desenvolvimento organizacional.
Apesar de sua eficácia amplamente reconhecida, especialmente no apoio a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a ABA ainda é alvo de algumas críticas e mal-entendidos. Uma das mais comuns é a ideia de que ela “robotiza” o comportamento da criança, tornando-a mecânica ou sem espontaneidade. Mas será que isso é realmente verdade?
Vamos aprofundar esse tema com responsabilidade.
De onde vem essa ideia?
A percepção de que ABA robotiza o comportamento costuma surgir quando o método é confundido com práticas ultrapassadas ou mal aplicadas. No passado, era comum o uso de técnicas mais rígidas e repetitivas, como os chamados “ensaios discretos” (Discrete Trial Training), que de fato seguiam uma estrutura mais mecânica e focavam em repetições frequentes.
No entanto, a ABA moderna evoluiu significativamente. Hoje, falamos de uma abordagem muito mais ampla, flexível e centrada na individualidade da criança. Técnicas como ensino naturalístico, uso de interesses da criança, promoção da autonomia e generalização de habilidades são práticas amplamente recomendadas.
Quando bem aplicada, a ABA busca justamente ampliar o repertório comportamental, promovendo mais independência, espontaneidade e qualidade de vida.
O que realmente acontece em uma intervenção baseada em ABA?
Diferente da ideia de “robotizar”, a intervenção baseada em ABA é cuidadosamente planejada para respeitar o perfil e os objetivos de cada criança. O trabalho é feito com metas claras, mas adaptáveis. A criança é incentivada a se comunicar, explorar o ambiente, brincar, interagir com outras pessoas e resolver problemas de forma mais funcional.
A intervenção também respeita o ritmo da criança, valoriza suas preferências e envolve, sempre que possível, os familiares no processo. O que pode parecer “ensinado” ou “estruturado” no início, com o tempo se transforma em habilidades mais naturais, incorporadas ao dia a dia.
Espontaneidade é ensinada?
Sim, e isso pode parecer contraditório à primeira vista. Mas para muitas crianças, especialmente com autismo, aquilo que chamamos de espontaneidade social ou comportamental pode não surgir de forma natural sem algum tipo de apoio. A ABA oferece estratégias para construir essas habilidades de forma gradual, segura e respeitosa.
Por exemplo, aprender a iniciar uma conversa, brincar com outra criança ou pedir ajuda pode exigir um ensino estruturado no início, mas com o tempo e o reforço positivo, esses comportamentos passam a ocorrer de forma mais fluida.
Ensinar não é o mesmo que forçar. Ensinar é abrir caminhos.

A ABA ignora emoções?
Outra crítica comum à ABA é que ela foca apenas no comportamento visível, ignorando aspectos emocionais. Esse é outro equívoco. A ciência do comportamento entende que emoções existem, mas são expressas e compreendidas por meio de comportamentos observáveis. Ou seja, o profissional não ignora sentimentos, mas busca entender como eles se manifestam no comportamento e como é possível acolhê-los, nomeá-los e ensiná-los de forma mais funcional.
Além disso, o trabalho ético em ABA envolve escuta ativa, respeito ao bem-estar da criança e constante adaptação dos procedimentos para que não haja sofrimento ou desconforto.
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Como saber se a intervenção é ética e respeitosa?
O mais importante é garantir que os profissionais estejam alinhados com práticas atualizadas, baseadas na ciência, mas também na escuta da criança e da família. Algumas perguntas que os pais podem fazer são:
- Os objetivos são construídos junto com a família?
- A criança tem momentos de escolha e autonomia?
- O profissional observa sinais de desconforto e ajusta o plano conforme necessário?
- Há foco em ampliar habilidades e não apenas “corrigir” comportamentos?
- A intervenção respeita o tempo da criança e promove sua dignidade?
Se as respostas forem positivas, estamos diante de uma aplicação ética e respeitosa da ABA — muito distante da ideia de “robotizar”.
A ideia de que ABA robotiza o comportamento nasce de experiências ruins, desatualizadas ou mal conduzidas. Quando aplicada de forma ética, personalizada e moderna, a Análise do Comportamento é uma grande aliada no desenvolvimento infantil, promovendo mais autonomia, bem-estar e inclusão.
A crítica é válida quando nos ajuda a refletir, mas também precisa ser atualizada à luz do conhecimento científico e da prática clínica responsável.
Se você tem dúvidas ou deseja entender melhor como a ABA funciona na prática, fale conosco. Nossa equipe está pronta para acolher sua história e construir, junto com você, um caminho mais leve e respeitoso para o desenvolvimento da sua criança.