Child-Development-Status

Cada criança tem seu tempo?

Somos seres únicos! E como tal, temos nossa própria história de vida, composição genética exclusiva e contextos específicos de aprendizagem. Com as crianças, é claro, não é diferente. Cada uma tem sua forma de interagir e desenvolver-se, e é daí que surge a frase “cada criança tem seu tempo”. Mas, será mesmo?

     Essa frase tem que ser interpretada com muito cuidado, afinal, cada criança tem sim seu tempo no sentido de se desenvolver de acordo com suas características específicas, carga genética, ambientes a que são expostas e situações que experienciam, porém, esse tempo acontece obedecendo a uma curva de desenvolvimento típico, que são os marcos do desenvolvimento.

     Os marcos do desenvolvimento são habilidades e comportamentos esperados dentro de uma determinada faixa etária e ajudam pais e profissionais a identificarem quais já foram alcançados e quais ainda precisam ser estimulados. Devemos ficar atentos ao que é esperado para cada idade e dar atenção especial a qualquer desvio importante, isso pode indicar que a criança não está se desenvolvendo de forma integral.

     O desenvolvimento da criança depende de vários fatores e eles influenciam na aquisição dos seus marcos, sendo assim, algumas andam mais cedo, outras demoram um pouco mais para falar e na maioria das vezes isso não representa um problema. As modificações evolutivas e progressivas pelas quais as crianças passam apresentam um intervalo de normalidade para serem alcançadas, mas isso não significa que cada uma tem seu tempo próprio para atingir essas etapas quando quiser, indefinidamente.

     Quando a criança não alcança habilidades básicas dentro do tempo considerado padrão é necessário redobrar a atenção. Um atraso muito prolongado pode indicar que essa criança precisa de estimulação para se desenvolver corretamente e algumas vezes os estímulos domésticos não são suficientes.

      É preciso ter muito cuidado com a afirmativa de que cada criança tem seu tempo porque muitos pais a usam como forma de negar a realidade, muitas vezes não estamos preparados para lidar com as adversidades e por isso ignoramos os sinais, no entanto, negligenciar um atraso muito significativo pode prejudicar a criança.

     Certamente não devemos sair por aí comparando as crianças de mesma idade, ou entrando em desespero absoluto porque um ou outro marco ainda não foi alcançado pela criança. Mas, o alerta vermelho deve ser ligado quando houver a presença de atrasos diversos ou prolongados. A triagem e o diagnóstico desses atrasos permitem o encaminhamento da criança para equipes especializadas para intervirem e planejarem ações individuais que potencializem seu desenvolvimento. O diagnóstico e uma intervenção precoce dos atrasos possibilita que a criança desenvolva seu potencial.

Você já ouviu o termo Platicidade cerebral? É uma capacidade inerente do cérebro, ou seja, todo cérebro tem, e ela é na verdade a denominação das capacidades adaptativas do Sistema Nervoso Central (SNC). É a propriedade que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência.

No caso das crianças, existem períodos de desenvolvimento cerebral cuja experiência é importante para que elas apresentem um desenvolvimento adequado. Desta forma, se o cérebro for exposto em momentos oportunos do seu desenvolvimento, suas habilidades podem ser incrivelmente e facilmente desenvolvidas, são as chamadas Janelas de Oportunidades. Se uma habilidade, por exemplo, for estimulada de forma tardia, o seu desenvolvimento poderá não ser mais o mesmo. Então, quanto antes se iniciar uma intervenção, mais a criança se beneficiará dela.

     O importante é tentar reduzir ao máximo as chances de a criança ter dificuldades de adaptação social, cognitiva e acadêmica. Ao notar um atraso significativo, o ideal é procurar uma avaliação profissional. Ser condescendente nesses casos e deixar que os atrasos passem despercebidos, pode retardar e até mesmo impedir que a criança desenvolva todo seu potencial.

     Espero que essa leitura o tenha ajudado. Nos vemos nos próximos posts.

Ludmila dos Santos - Pedagoga
Ludmila dos Santos – Pedagoga