As birras fazem parte do desenvolvimento infantil e são mais comuns do que muitos imaginam. Elas costumam surgir quando a criança ainda não desenvolveu plenamente a linguagem, a autorregulação emocional ou a habilidade de lidar com frustrações.
Embora sejam comportamentos típicos, podem se tornar desafiadoras para os pais e cuidadores. Nesse contexto, a ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada) oferece estratégias eficazes para compreender e intervir de forma positiva e funcional nessas situações.
O que são birras e por que elas acontecem?
As birras são comportamentos geralmente intensos, como choro, gritos, se jogar no chão ou recusar comandos, usados pelas crianças como forma de expressar necessidades ou desejos. Elas não são necessariamente sinais de desobediência, mas sim tentativas de comunicação.
Do ponto de vista da ABA, todo comportamento tem uma função, ou seja, ele ocorre porque gera um tipo de consequência que é reforçadora para a criança. Em geral, as birras estão relacionadas a quatro funções principais:
- Atenção: a criança busca a atenção dos adultos, mesmo que seja por meio de uma reação negativa.
- Fuga ou esquiva: ela tenta evitar uma tarefa ou situação que considera desagradável.
- Acesso a itens ou atividades: a birra ocorre para conseguir algo desejado, como um brinquedo ou doce.
- Estimulação sensorial: o comportamento gera uma sensação agradável em si mesmo.
Identificar qual dessas funções está por trás da birra é o primeiro passo para lidar com ela de maneira eficaz.
Como a ABA ajuda no manejo das birras
A Análise do Comportamento Aplicada trabalha com a tríade antecedente – comportamento – consequência. Isso significa observar o que acontece antes da birra (gatilho), o comportamento em si e o que ocorre depois (reação dos adultos e resultados). A partir dessa análise, é possível planejar intervenções mais adequadas. Veja algumas estratégias baseadas em princípios ABA:
1. Antecipe e previna situações de birra
A prevenção é uma das estratégias mais eficazes. Se a criança costuma ter birras em momentos específicos (como ao guardar os brinquedos ou antes do banho), preparar o ambiente e oferecer avisos prévios pode reduzir a resistência.
Por exemplo, em vez de interromper a brincadeira de forma abrupta, avise que em cinco minutos será hora de guardar os brinquedos. Essa previsibilidade reduz a ansiedade e facilita a transição.
2. Ensine formas alternativas de comunicação
Muitas birras surgem porque a criança ainda não consegue expressar o que sente ou deseja de forma adequada. Ensinar sinais simples, palavras-chave ou o uso de imagens para comunicação alternativa pode diminuir significativamente a frequência desses comportamentos.
A ABA foca no ensino de comportamentos funcionais: se a criança aprende que ao pedir “água” de forma apropriada será atendida, ela não precisará chorar ou gritar para conseguir o mesmo resultado.
3. Use o reforço positivo
Reforçar o comportamento adequado é um dos princípios centrais da ABA. Sempre que a criança expressar suas vontades de forma apropriada ou conseguir se acalmar sem birra, elogie e ofereça atenção positiva.
Esse tipo de resposta aumenta a probabilidade de o comportamento desejável se repetir no futuro. Por outro lado, reforçar birras (cedendo ao choro, por exemplo) pode perpetuá-las.
4. Evite reforçar comportamentos inadequados
Se a birra tem como função conseguir um brinquedo e o adulto entrega o item para “acabar com a cena”, a criança aprende que a birra é eficaz. Nesses casos, o ideal é manter a consistência: não ceder ao comportamento inadequado e oferecer alternativas adequadas de comunicação.
5. Trabalhe a tolerância à frustração
Ensinar a criança a lidar com o “não” é um processo gradual. Comece com pequenas negativas em situações de menor importância e elogie quando ela conseguir lidar sem birra. Com o tempo, aumente o nível de exigência.
Essa estratégia fortalece habilidades socioemocionais essenciais e reduz a necessidade de comportamentos explosivos para lidar com frustrações.
Quando procurar ajuda profissional?
Se as birras se tornarem frequentes, intensas e prejudicarem o convívio familiar ou escolar, pode ser importante buscar acompanhamento especializado. Profissionais de ABA podem avaliar o contexto, identificar funções do comportamento e propor estratégias individualizadas para cada criança.
Veja também: Dúvidas comuns sobre a terapia ABA
Lidar com birras infantis é desafiador, mas a ABA oferece estratégias claras e eficazes. Ao compreender a função do comportamento e manter consistência, os pais podem reduzir episódios e transformá-los em oportunidades de aprendizado. Com paciência e reforço positivo, a criança desenvolve formas mais adequadas de se comunicar e lidar com frustrações.
Se você tem dúvidas ou deseja entender melhor como a ABA funciona na prática, fale conosco. Nossa equipe está pronta para acolher sua história e construir, junto com você, um caminho mais leve e respeitoso para o desenvolvimento da sua criança.