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Como o cérebro aprende e guarda saberes

Tempo de leitura: 5 minutos.

 

Aprender é uma ação que desenvolvemos desde o início de nossa vida. Ainda muito cedo, aprendemos a andar, a falar, aprendemos a nos relacionar com a família, com amigos, aprendemos a nos comportar de acordo com as circunstâncias e obtemos aprendizado formal no ambiente escolar. O aprendizado está presente desde o período intrauterino do bebê e se fará presente ao longo de toda nossa caminhada.

Entendendo aprendizagem como o processo de aquisição de novas informações que vão ser retidas na memória, através do qual nos tornamos capazes de orientar o comportamento e o pensamento, a memória é o processo de arquivamento seletivo dessas informações, de modo que ela pode ser considerada como o conjunto de processos neurológicos e psicológicos que possibilitam a aprendizagem. Ela é peça fundamental para a aprendizagem e se seu funcionamento está comprometido, consequentemente trará prejuízos e perdas na capacidade do sujeito em aprender!

É importante salientar que se trata de um processo construtivo, no sentido de que a pessoa interpreta o ambiente externo a partir de sua própria história. Isso faz pensar que aprender é uma construção, em que as informações são agrupadas de acordo com critérios exclusivamente pessoais. Por isso dizemos que cada um aprende de uma forma, e por isso é tão importante e peculiar considerar todo o contexto deste sujeito para fazer com que ele aprenda da melhor forma.

No funcionamento cerebral, dizemos que o ambiente externo envia estímulos o tempo todo para o nosso cérebro por meio dos cinco sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato). Alguns desses estímulos chamam nossa atenção e são filtrados para nossa memória de trabalho (componente cognitivo ligado à memória, que permite o armazenamento temporário de informação, com capacidade limitada.). Essas informações filtradas funcionam como ímãs, trazendo informações que são armazenadas na memória de longo prazo (capacidade da memória de reter de forma definitiva a informação, permitindo sua recuperação ou evocação). Explicado isso, cabe uma reflexão sobre a memória de trabalho e a memória de longo prazo: Quando recebemos informações, nosso cérebro traz os estímulos mais interessantes para a memória de trabalho e por meio da repetição essas informações se fortalecem até fazerem parte da memória de longo prazo. Este processo ocorre de forma automática, sem percebermos. E aí fica a pergunta: É possível “selecionarmos” melhor o que ficará na nossa memória de trabalho e na memória de longo prazo? A resposta é sim! Quanto mais contato temos com um determinado assunto/ informação ou conteúdo, maiores as chances de ele ser armazenado na memória. Um exemplo que você já deve ter vivido: Sabe quando assistimos um desenho com nossos filhos por muitas vezes, onde é sempre cantada a mesma musiquinha? Já foi dormir com ela na cabeça ou já se pegou cantando-a sem querer? Pois é, a repetição fez com que ela ficasse armazenada na sua memória!

É o córtex pré-frontal que organiza e escolhe, dentre vários estímulos que nos chegam, a maneira como vamos reagir afetivamente e o faz de acordo com experiências prévias, que ficaram marcadas como experiências agradáveis ou desagradáveis. Assim, a nossa maior ou menor capacidade de aprender, vai depender tanto das experiências anteriores que tivemos ao entrar em contato com aquela informação, quanto das emoções e sentimentos que aquele estimulo (informação) nos desperta. Afeto e memória tem uma relação direta e muito estreita. Você certamente deve ter várias memórias afetivas de muitos anos atrás, como a lembrança da primeira professora, um episódio briga ou discussão que viveu na sua infância, o primeiro dia de aula, o primeiro beijo, e muitas outras memórias que te forneceram na época uma experiência com grande carga de sentimento, seja positivo ou negativo.

Considerando essas informações, talvez isso explique por que nos dedicamos com tanta facilidade a atividades das quais gostamos e tenhamos tanta dificuldade em aprendermos algo que nos pareça tedioso e irritante, inclusive no ambiente escolar, pessoal e profissional. Isso não é só uma impressão, é científico, fisiológico!

Espero que as informações tenham sido úteis para que você entenda melhor o funcionamento do nosso cérebro e pense em estratégias que lhe ajudarão a direcionar melhor seu aprendizado e o que ficará retido na sua memória!

Um abraço e até o próximo post!

Marina Dias – Psicóloga