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Como falar sobre a morte com as crianças?

Tempo de leitura: 8 minutos

Falar sobre a morte e outros temas difíceis com os filhos, sobretudo os mais jovens, é um desafio que, infelizmente, muitos pais precisam passar. Entretanto, não deixa de ser extremamente importante conversar com eles sobre o assunto, pois ajuda na compreensão do assunto e fortalece a inteligência emocional.

Para guiar essa conversa, é essencial entender que a compreensão da morte pelas crianças varia de acordo com suas experiências pessoais e familiares, e está relacionada ao seu desenvolvimento cognitivo. A classificação por faixa etária ajuda a entender esse processo, lembrando que ela só ajuda a nortear:

·         Até os 3 anos: a criança vê a morte como ausência temporária e pode acreditar que é algo passageiro, podendo voltar.

·         Entre 3 e 5 anos: a criança mistura fantasia com realidade, criando teorias próprias e podendo se sentir culpada pela morte de alguém próximo. Ela percebe a tristeza dos adultos associada à morte.

·         Entre 5 e 7 anos: a criança entende que o corpo pode parar de funcionar e compreende melhor o conceito de “para sempre” ou “nunca mais”, fazendo perguntas mais profundas sobre as crenças da família.

·         Entre 7 e 10 anos: há mais compreensão sobre o assunto, mas pode haver dificuldade em identificar e expressar sentimentos.

Como conduzir essa conversa?

Não deixe para depois que acontecer

É importante reconhecer que a perda de um ente querido é uma parte natural da existência. Introduzir esse tema à criança antes que ela o vivencie pessoalmente pode facilitar a compreensão gradual da finitude da vida e evitar maiores traumas no futuro. A idade recomendada para abordar esse assunto é entre 5 e 7 anos.

O uso de filmes como “O Rei Leão”, “Up – Altas Aventuras”, ou “Viva: A Vida é uma Festa” pode ser uma maneira eficaz de iniciar essa conversa. Além disso, a literatura infantil também oferece oportunidades para abordar o tema através da ficção, como o livro “A Árvore das Lembranças” de Britta Teckentrup, ou o “Livro do Adeus” de Todd Park.

Seja transparente com seu filho

Embora seja tentador poupar as crianças dos desafios da vida, omitir ou mentir sobre o assunto pode não ser a melhor abordagem. O silêncio pode dificultar a compreensão da criança sobre a situação.

Ao abordar o assunto, é importante evitar metáforas como “viagem”, para não causar confusão nos conceitos e criar expectativas que não se concretizam. Nesse sentido, a metáfora de “virar uma estrelinha” pode ser melhor para falar do tema com sensibilidade, especialmente com crianças mais jovens.

Você não precisa saber todas as respostas

Às vezes, a hesitação em abordar o tema surge da dificuldade em compreender o que aconteceu. Alguns pais se questionam: “Como falar sobre algo que eu mesmo não entendo?”

É essencial lembrar que existem diversas maneiras de encarar a morte, moldadas por diferentes culturas, religiões e tradições familiares. Compartilhar dúvidas ou crenças é uma maneira saudável de processar emoções e oferecer uma interpretação do que ocorreu.

Independentemente das perspectivas, é recomendável explicar às crianças que o corpo para de funcionar após a morte e que esse é um processo irreversível.

Luto é um processo, até para as crianças

A reação ao luto pode se manifestar de maneira distinta em crianças e adultos. Nas crianças mais novas, é comum que inicialmente elas não compreendam completamente a gravidade da morte. Portanto, não se surpreenda se a criança parecer agir como se nada tivesse acontecido, especialmente se o falecido não era uma presença constante em sua vida cotidiana. Com o passar do tempo, à medida que compreendem a irreversibilidade da morte e a ausência permanente, elas começam a sentir a dor da perda.

Já para crianças maiores, ofereça um espaço para ela expressar seus sentimentos, que podem incluir raiva, tristeza, medo, culpa ou ansiedade. Essas emoções desencadeiam reações físicas que variam de pessoa para pessoa, como a vontade de chorar, fraqueza, náusea, tremor, sensação de aperto no peito, ou desconforto no estômago, entre outras.

Desse modo, respeitar essa variedade de reações, ao mesmo tempo em que se deve estar atento a sinais não explícitos de luto, como mudanças no comportamento, no apetite, e alterações no padrão de sono e humor.

criança sendo abraçada, consolada pela mãe

Lembre-se das boas memórias

Relembrar anedotas e examinar fotografias é uma maneira de demonstrar à criança que a pessoa falecida pode não estar fisicamente presente, mas ainda assim permanece na memória de todos. Mesmo que seja doloroso pensar na ausência física, ainda podemos sempre reviver as lembranças.

Expressar gratidão por momentos vividos através de desenhos ou cartas também é uma forma gradual de lidar com a morte.

É preciso um psicólogo para ajudar no processo de luto da criança?

Depende. A ajuda de um psicólogo pode ser valiosa em qualquer no processo de luto, mas a necessidade se faz quando pensamentos abstratos acerca do tema levam a comportamentos de autopunição, isolamento e relutância em falar sobre o assunto.

Por isso, a Evoluir possui um time de psicólogas qualificadas para ajudar tanto seu filho quanto você a lidarem com o luto. Faça um contato conosco para receber mais informações, será um prazer atender você!

Veja também: Quanto tempo dura o processo terapêutico?