Pais exigentes

Pais exigentes: o peso das cobranças excessivas

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Pais desejam que os filhos se tornem pessoas de sucesso no futuro e trabalham duro para isso. Mas o que é exatamente ser uma pessoa bem-sucedida?

A melhor coisa de ser pai/mãe é não ter altas expectativas sobre os filhos, dando-lhes a liberdade para ser quem são e não quem os pais gostariam que fossem, em uma tentativa de corrigir sua história.

Pais muito exigentes e críticos costumam apresentar uma personalidade insegura e que precisa ter sob controle cada detalhe. Indica regras e decisões para economizar tempo através do “porque eu sei que é melhor para você”, ou “porque eu sou seu pai/mãe”.

Muitas vezes os pais tendem a exigir/cobrar excessivamente resultado dos filhos, levando em consideração coisas que eles gostariam de ser/fazer, expondo a criança a uma intensa carga emocional, com a possibilidade de fracassar.

O excesso de regras é uma característica marcante dos pais classificados como rígidos e pode ser um fator que atrapalha bastante a construção da confiança que a criança precisa ter em si mesma. Isso porque, onde há muitas regras, as escolhas já estão pré-determinadas e os pequenos não têm a oportunidade de se colocarem. Desse modo, fica difícil perceberem sua própria capacidade. Regras são boas desde que não sejam paralisantes. É preciso saber até onde elas existem pela disciplina e que ponto elas se tornam apenas um autoritarismo

É preciso ter em mente que essa exigência na infância deixa a sua marca afetando o cérebro adulto, pois a pessoa nunca se acha suficientemente competente, nem “perfeita” com base naqueles ideais que lhe foram incutidos.

 

Podemos educar nossos filhos na cultura do esforço, podemos e devemos exigir, sem dúvida, mas tudo tem um limite. Do contrário, nossos filhos perfeitos serão crianças tristes que demonstrarão:

– Dependência e passividade: uma criança acostumada a ser mandada deixa de decidir por conta própria. Assim, sempre procura a aprovação externa e perde a sua espontaneidade, a sua liberdade pessoal.

 – Falta de emotividade: os filhos perfeitos inibem suas emoções para se ajustarem ao que “tem que ser feito”, e toda essa repressão emocional traz graves consequências a curto e longo prazo.

– Baixa autoestima: uma criança ou um adolescente acostumado à exigência externa não tem autonomia nem capacidade de decisão. Tudo isso cria uma autoestima muito negativa.

A frustração, o rancor e o mal-estar interior: podem se traduzir muito bem em instantes de agressividade.

A ansiedade: é outro fator característico das crianças educadas na exigência: qualquer mudança ou uma nova situação gera insegurança pessoal e uma elevada ansiedade.

 

Uma criança que é cobrada todo o tempo pode até ter sucesso, seja acadêmico, seja profissional, mas isso não quer dizer que ela se sinta realizada. O padrão de excelência pode existir se for acompanhado de um projeto de felicidade, incentivando os filhos a realizar tarefas de maneira prazerosa e não somente para buscar a excelência.

Educar é ser capaz de exercer a autoridade com amor, guiando seus passos com segurança e afeto porque a infância é um fundo de reserva para a vida toda. Cabe aos pais estimular o potencial da criança e fazê-la acreditar que é capaz. Tal atitude contribuiu essencialmente na construção de uma boa autoestima e inteligência emocional  e com isso as crianças deverão ser capazes de escolher por si próprias, com direito de errar e aprender.

Marina Dias – Psicóloga