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Pensamento literal no autismo

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O pensamento literal é uma característica marcante em muitas pessoas dentro do espectro do autismo. Ele envolve interpretar a linguagem e os eventos de maneira extremamente concreta, ou seja, exatamente como são ditos, sem captar nuances, metáforas ou sarcasmo. Vamos explorar mais profundamente essa característica, como ela se manifesta e impacta o dia a dia das pessoas autistas.

O que é pensamento literal?

Pensamento literal significa entender a linguagem de maneira direta e concreta. Por exemplo, uma pessoa com esse tipo de pensamento pode interpretar a frase “chovendo gatos e cachorros” literalmente, imaginando animais caindo do céu, em vez de entender que é uma expressão para descrever uma chuva forte. Isso pode parecer engraçado ou curioso para muitos, mas para uma pessoa com autismo, pode ser uma interpretação natural e comum.

Por que o pensamento literal é comum no autismo?

Há várias razões pelas quais o pensamento literal é prevalente entre indivíduos no espectro do autismo:

1 – Desenvolvimento cognitivo: Pessoas com autismo frequentemente processam informações de forma única, focando mais nos detalhes do que no contexto geral. Isso pode levar a uma interpretação mais literal das palavras, uma vez que o foco está no significado preciso de cada palavra em vez de em nuances contextuais.

2 – Dificuldades na comunicação social: Indivíduos no espectro do autismo podem ter dificuldades em interpretar expressões faciais, tons de voz e contextos sociais, o que contribui para uma interpretação mais literal da linguagem. Eles podem não perceber sinais sociais sutis que indicam sarcasmo ou humor.

3 – Preferência por regras e estruturas: Muitas pessoas autistas preferem regras e estruturas claras e precisas. A linguagem figurativa pode parecer ambígua e confusa, enquanto a linguagem literal é mais direta e fácil de entender.

Exemplos de pensamento literal no dia a dia

1 – Instruções verbais: Se um professor diz “pode sentar” em vez de “sente-se”, uma criança autista pode ficar em dúvida se a ação é opcional ou obrigatória. A falta de clareza pode gerar confusão e ansiedade. Em ambientes educacionais, isso pode levar a mal-entendidos frequentes e à necessidade de instruções adicionais.

2 – Figuras de linguagem: Expressões idiomáticas, como “dar o braço a torcer”, podem ser confusas, pois são entendidas de forma literal. Uma pessoa autista pode não compreender que essa expressão significa “ceder” ou “admitir derrota”, e pode tentar interpretar literalmente, o que não faz sentido no contexto.

3 – Humor e sarcasmo: Piadas e sarcasmo podem ser particularmente desafiadores, já que dependem da interpretação implícita do significado. Uma pessoa autista pode não perceber que uma frase foi dita de forma sarcástica e, em vez disso, interpretá-la literalmente, o que pode levar a mal-entendidos sociais.

Impacto do pensamento literal

O pensamento literal pode afetar várias áreas da vida de uma pessoa autista, incluindo a comunicação, a interação social e o aprendizado. Vamos explorar essas áreas com mais profundidade:

1 – Ambiente escolar: No ambiente escolar, alunos autistas podem precisar de instruções claras e diretas. Metáforas e expressões idiomáticas podem dificultar a compreensão de tarefas e conceitos. Professores precisam estar cientes disso para ajustar sua comunicação, proporcionando um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz.

2 – Interações sociais: Em interações sociais, o pensamento literal pode levar a mal-entendidos. Uma pessoa autista pode não perceber sinais não-verbais ou nuances sutis de conversação, o que pode dificultar a comunicação eficaz. Isso pode afetar a formação de amizades e a participação em conversas grupais.

3 – Trabalho e carreira: No ambiente de trabalho, a clareza na comunicação é essencial. Indivíduos autistas podem se destacar em funções que exigem precisão e atenção aos detalhes, mas podem enfrentar desafios em ambientes onde a comunicação é altamente figurativa ou ambígua. Adaptar a comunicação no local de trabalho pode ajudar a maximizar a produtividade e o bem-estar dos funcionários autistas.

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Como ajudar pessoas com pensamento literal

Existem várias estratégias que podem ajudar a facilitar a comunicação e a interação com pessoas que têm pensamento literal:

1 – Comunicação clara: Utilize uma linguagem direta e específica. Evite figuras de linguagem, sarcasmo e ambiguidade. Frases claras e diretas são mais fáceis de entender e reduzem o risco de mal-entendidos.

2 – Explique metáforas e idiomas: Quando usar figuras de linguagem, explique seu significado literal e figurado. Isso pode ajudar a pessoa autista a compreender o contexto e o significado implícito. Por exemplo, se você usar a expressão “está chovendo canivetes”, explique que é apenas uma maneira de dizer que está chovendo muito.

3 – Paciência e compreensão: Seja paciente e compreensivo. Entenda que a interpretação literal não é uma escolha, mas sim uma característica do processamento cognitivo. Reconheça e valorize as perspectivas únicas que as pessoas autistas trazem para a comunicação.

Veja também: Vamos entender o que é o TEA – Transtorno do Espectro Autista? 

Entender o pensamento literal no autismo é muito importante para melhorar a comunicação e a interação com pessoas no espectro. Adaptar nossa linguagem para ser mais clara e direta pode criar um ambiente mais inclusivo e compreensivo. Embora o pensamento literal possa apresentar desafios, também revela a diversidade das formas de pensar e entender o mundo. Ao valorizar e respeitar essas diferenças, podemos promover uma maior inclusão e compreensão para todos.

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