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Suicídio: mitos, verdades, dúvidas… Como ajudar?

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Você sabia que o suicídio é a segunda causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos? Estes dados tão significativos, da Organização Mundial de Saúde, nos fazem refletir que este é um assunto considerado ainda um tabu, pouco falado e discutido na sociedade em geral. Um dos motivos que permeiam essa não discussão, é a crença de que isso pode acabar motivando pessoas que já possuem pensamentos de autoextermínio a de fato o cometerem. Porém, não são estes espaços de discussões, que tem o objetivo de conscientizar, promover escuta e acolhimento, que desencadeariam isso. Até mesmo nos canais de mídia vemos o assunto sendo pouco debatido, por ainda possuírem essas crenças.

Assim como já disse o psicólogo Carl Rogers: “Quando sou ouvido, torno-me capaz de rever o meu mundo e continuar”, é necessário que haja sim esses espaços de discussões, principalmente para conseguirmos dar voz as pessoas que, por angústia ou depressão, veem na morte a solução. O diálogo faz com que a pessoa perceba que não está sozinha, que existem meios de tratamentos, que por sua vez objetivam reduzir o número de pessoas vulneráveis.

 

Setembro Amarelo

Já ouviu falar no Setembro Amarelo? O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio que existe desde 2015, criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em conjunto com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Centro de Valorização da Vida (CVV). Um de seus principais objetivos é promover diálogos visando a prevenção do suicídio. Atente-se aos dados divulgados pelo CVV:

  • 90% dos suicídios poderiam ser evitados com ajuda profissional, onde em sua maioria são causados por adoecimentos mentais não tratados, pois as vezes nem se sabe que precisa de tratamento;
  • 60% das pessoas que morreram por esse motivo não buscaram ajuda;
  • Cerca de 17% dos brasileiros já pensou seriamente em suicídio, e
  • 4,8% dos brasileiros já elaboraram um plano de suicídio.

Outro fator importante a ser compreendido é que o suicídio é algo complexo e que quando a pessoa chega a pensar de fato em cometê-lo, ela não quer acabar com sua vida e sim dar fim ao sofrimento, que é único, particular e individual, não pode ser mensurado, comparado, medido ou sentido por outra pessoa. A banalização do sofrimento do outro, muitas das vezes pode ser o que vai potencializar a angústia sentida por ele, de solidão, desprezo e outros sentimentos.

Há sinais que podem ser percebidos, e podem servir de alerta:

  • Se já houve tentativas anteriores, isso pode significar um pedido alarmante de socorro, e sim, esta pessoa pode vir a cometer o suicídio;
  • histórico de suicídio na família;
  • falta de vínculos sociais e familiares;
  • transtornos mentais, entre outros.

Também existem mitos como:

  • “Quem ameaça não faz”. É muito raro alguém cometer suicídio sem dar nenhum sinal ou aviso;
  • “Quem suicida é fraco”. Isso faz com que o sofrimento da pessoa seja banalizado e o transtorno mental não seja visto como doença que precisa ser tratada, o suicídio não está relacionado com força ou fraqueza.

 

A morte por suicídio é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres, mas as mulheres tentam 2 vezes mais do que os homens. Isso mostra que elas são mais afetadas, mas os métodos utilizados pelo sexo masculino são mais letais.

Se você está com pensamentos suicidas ou conhece alguém que esteja, é muito importante buscar ajuda, converse com alguém próximo de sua confiança, procure um psicólogo. O Centro de Valorização da Vida também pode ser uma boa referência, eles disponibilizam voluntários que atendem todas as pessoas que querem conversar, através de uma ligação para o número 188.

Acolha, escute, mantenha contato, não banalize.

 

Monique Leandra – Psicóloga