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Tristeza ou depressão? Como os pais podem identificar sinais da Depressão Infantil através de 6 sintomas mais comuns

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Quando perguntamos aos pais o que eles mais querem para a vida dos filhos, provavelmente muitos dirão:  “Eu só quero que meu filho seja feliz”. E embora a maioria de nós saiba, em um nível lógico, que não podemos garantir a felicidade integral dos nossos filhos, vê-los tristes é muito difícil. É muito doloroso para os pais perceberem uma tristeza nos pequenos, porque gera uma sensação de fracasso e impotência. Além disso, é comum que a criança demore um pouco mais para elaborar sua tristeza, e este “tempo de resposta” gera dúvidas nos pais: Será que meu filho está triste ou deprimido?

Em primeiro lugar, é importante observar que a tristeza, em qualquer fase da vida, é uma emoção inerente ao ser humano e experimentá-la é algo natural. Ela é uma emoção desagradável que têm um propósito fundamental para a nossa sobrevivência e nosso desenvolvimento psicológico e social.  A tristeza efetua um trabalho importante de integração e de reparação de um dano emocional.  A grande questão é como lidamos com ela.

As crianças são mais propensas a experimentar um humor triste quando precisam lidar com circunstâncias difíceis da vida. Diversos artigos científicos, que estudam a neurociência das emoções, apontam que quando estamos de humor negativo nosso cérebro é projetado para se concentrar nos problemas. Como a criança possui pouco repertório de vida, é comum que quando estejam tristes, “bloqueiem” as memórias positivas. Por isso, se faz necessário a presença de um adulto para ajudá-las a compreender suas emoções e superá-las. Seja apontando uma solução ou desviando o foco do problema.

Mas, e quando o apoio do pais para superar a tristeza não é suficiente? E quando a criança está passando por um contexto de separação familiar, doença física ou problemas de aprendizagem e a tristeza parece persistente? Como identificar se é uma tristeza passageira ou um transtorno depressivo?

Abaixo, indicamos alguns sinais da depressão infantil que foram baseados no manual DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria). As dicas não têm o objetivo de diagnosticar a depressão, mas servir de alerta para que os pais identifiquem se é hora de procurar ajuda profissional.

1. Expressão triste

A criança frequentemente tem uma aparência triste, apresentando olhos sem brilho, com dificuldades para esboçar um sorriso. Geralmente esboça expressões como se estivesse sempre cansada, sem energia e permanece por tempos olhando o vazio. Se você percebe que esse comportamento perdura há mais de 1 mês, fique atento também aos outros sintomas.

2. Aumento da agressividade e irritabilidade 

No período da infância a criança ainda tem dificuldade para controlar a raiva e lidar com frustrações e, geralmente, ela agride para se defender e nem sempre entende aquilo como uma agressão. Mas, se de uma hora para outra a criança, que costumava ser calma, de repente começa a bater nos colegas e até nos adultos, existe uma alteração importante neste fato que deve ser observada. Além disso, o choro fácil e exagerado e crises frequentes de birra, denotando uma facilidade de se irritar é também um sinal de alerta.  

3. Alteração de sono e apetite

A permanente falta de fome e perca de peso, associados a dificuldade para dormir ou sono exagerado, são alterações biológicas comuns na depressão. Com relação ao apetite, a criança começa a ter uma recusa alimentar e deixa de sentir prazer em comer, inclusive aqueles alimentos que gostava anteriormente. Em alguns casos menos frequentes, a criança também pode ter um impulso de comer exageradamente. Com relação ao sono, pode ocorrer de a criança ter insônia, inclusive chorar muito pela presença dos pais no período noturno. O contrário também pode acontecer, ou seja, de reclamar muito cansaço e querer dormir demais ao longo do dia.

4.  Diminuição da atenção e memória

Se a criança já estiver em idade escolar, geralmente a escola irá alertar os pais deste comportamento. O cérebro deprimido nos desconecta da realidade para nos afastar da situação de tristeza e é comum a desatenção, prejudicando também as funções de memorização.

5. Isolamento social

O isolamento social pode ser altamente complexo e ter motivações muito variáveis. É comum que a criança busque um afastamento por dificuldade de adaptação ou que seja tímida para fazer amigos e mantê-los. Mas, quando o isolamento, principalmente na escola, se torna estável e frequente é importante ficar atento. A tristeza profunda pode causar um desejo de se afastar das pessoas, e esse é um sinal importante principalmente para a criança que nunca teve dificuldades de socialização, ou sempre gostou de brincar com a companhia de um colega.

6. Ideias de culpa e inferioridade

A criança se sente culpada de algo que não fez ou, se fez, a culpa é exagerada. Os pais podem perceber também um sentimento deinferioridade, especialmente em relação aos amigos da creche ou escola. É comum que ele(a) comece a se desvalorizar com sentimentos de incapacidade de ganhar um jogo, fazer as atividades da escola ou realizar tarefas simples.

É importante salientar que o diagnóstico da depressão envolve uma avaliação criteriosa de um médico psiquiatra e quando possível associado a um psicólogo. É comum que os sintomas da depressão possam ser confundidos com características da própria personalidade, como timidez, irritabilidade, mau humor ou dispersão.

Fique atento às mudanças de comportamento do seu filho e quando observar que a tristeza é persistente, procure ajuda profissional.

Bárbara Borges – Psicóloga